sexta-feira, 9 de setembro de 2011

BARBÁRIES ORIGINAIS.

Filmes.
Barbáries originais.

Na próxima sexta, dia 16 de setembro, a super-produção Conan, O Bárbaro chega as telonas brasileiras. Como todos sabem, esta mega-produção em 3-D não é a primeira inclusão do herói  na sétima arte. Nos anos 80, Arnold Schwarzenegger deu vida ao herói cimério em dois filmes que fizeram enorme sucesso e foram responsáveis pelo seu estouro nas telonas.

Seguindo a minha promessa de tentar, a cada semana, postar comentários sobre uma franquia que marcou a história do cinema, trago aqui comentários sobre os dois filmes do Conan e de quebra, sobre Guerreiros de Fogo, que na época do seu lançamento, muitos achavam que se tratava de Conan 3, já que conta com Arnoldão no elenco fazendo outro guerreiro dos "tempos imemoriais" (como dizia  Alex, meu colega de escola na época da infância.). Sem perder tempo, vamos aos comentários das barbáries originais.

Conan foi criado por Robert E. Howard em 1932, fazendo um grande sucesso logo de cara. Segundo o Wilkipédia, "Fez sua primeira aparição na revista Pulp Weird Tales  no conto chamado "The Phoenix on the Sword" (em português, A Fênix na Espada ). Howard escreveu mais dezenove histórias e um romance protagonizados pelo personagem (três dos contos só publicados após sua morte), sendo que outros escritores de renome também criaram histórias de Conan ou reescreveram contos, a partir de sinopses e fragmentos originais após 1936, ano em que Howard se suicidou.  (...) As histórias de Conan e de alguns outros personagens de Howard se passam na fictícia Era Hiboriana, uma época pré-glacial anterior ao registro da história conhecida, posterior à suposta submersão de Atlântida" (Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Conan).

Em 1970, a Marvel popularizou o herói cimério, lançando suas aventuras em quadrinhos. Mais um sucesso estrondoso. Na mesma época, os quadrinhos estrelados pelo Conan chegou por aqui. Particularmente, conheci o herói apenas na segunda metade dos anos 80, pelos quadrinhos da Marvel publicados pela Editora Abril, principalmente, quando estreiou sua revista própria (A Espada Selvagem de Conan). Apesar de ser um gibi diferente dos costumeiros (tamanho grande e quadrinhos preto-e-branco), eu me amarrava nas aventuras de Conan, Sonja, Kull e companhia.

Diante de  estrondoso sucesso nos quadrinhos, a versão para as telonas era questão de tempo. Em 1981, o saudoso produtor Dino De Laurentis recrutou o diretor John Milius para comandar a estreia do herói nas telonas, em 1982, na mega-produção, para os padrões da época, Conan, O Bárbaro. Milius, que também escreveu o roteiro ao lado de ninguém menos que Oliver Stone, escalou o então fisioculturista Schwarzenegger, detentor de vários titulos de Misters,  para interpretar o bárbaro; a dançarina Sandahl Bergman para viver Valéria, o grande amor do brucutu; e os veteranos James Earl Jones (na época, no auge de sua carreira, por emprestar a sua voz ao vilão Darth Vader, em Star Wars) e Max Von Sydow.
Apesar de muitos acharem (inclusive está escrito na sinopse da embalagem do DVD),  este não é o filme de estreia de Schwarzenegger, já que brucutu austríaco tinha feito outros filmes, num período de dez anos. O atual ex-governador da Califórnia estreiou mesmo numa  versão classe "Z" do herói mitológico Hércules (Hércules vai a Nova York, de 1970), com  o tosco nome artístico de Arnold Strong (= forte). Entre outros filmes pré-Conan, estão a comédia Stay Hungry (1976), com Jeff Bridges e Sally Field, o documentário Puping Iron (1977) e a divertida comédia besteirol Cactus Jack, O Vilão (1979), estrelada pelo saudoso Kirk Douglas.  Mas foi com Conan que Schwarzenegger estourou nas telonas.

Como a maioria dos filmes de estreia de um personagem, a trama de Conan, O Bárbaro conta as suas origens. Quando criança, sua aldeia foi dizimada pelo peverso Thulsa Doom, e Conan foi pego para ser escravo. Anos depois, já adulto, torna-se um gladiador e, numa bela noite, sem qualquer explicação, é libertado pelo seu senhorio. Evidente que Conan parte para a forra contra os algozes de seus pais e de toda sua tribo, numa jornada repleta de perigos, ação, suspense e mulheres semi-nuas.

O filme tem um bom roteiro, conseguindo prender a atenção e apresentar bem o personagem. As interpretações são fracas, com exceção dos ótimos James Earl Jones e Max Von Sydow, que apesar de aparecerem pouco, roubam a cena como o vilão Thulsa Doom e o Rei Osric, respectivamente. Schwarzenegger está fraquíssimo e espantosamente mais canastrão do que hoje (dizem que o Hércules na época do Strong, ainda era pior. Não é a toa que este tosco filme é tão raro). Mas é inegável que um brucutu praticamente da idade da pedra,  um personagem que, convenhamos, não exige tanto assim de um ator, caiu com uma luva para o grandalhão, mesmo que o astro não pareça fisicamente com o Conan dos quadrinhos (pontuação alta para o novo filme, neste quesito).

Os efeitos especiais são toscos e até risíveis para os padrões de hoje (ao estilo do original Fúria de Titãs, da mesma época). Com certeza, também neste quesito, o remake ganhará de goleada em cima deste divertido filme original. Mas, em compensação, dificilmente irá superar a excelente trilha composta e conduzida por Basil Poleudoris. Sem sombra de dúvida, esta memorável trilha é o grande mérito da produção. Curiosamente, uma das músicas deste filme foi utilizada nos créditos finais de outra produção estrelada por Schwarzenegger, a excepcional ficção O Vingador do Futuro, de 1990, dirigida por Paul Verhoven.

Apesar de todas as suas limitações, Conan, O Bárbaro é um ótimo filme de ação, que apesar de um pouco envelhecido para os padrões de hoje, ainda empolga e diverte Uma pena que a produção anda sumida da programação das emissoras. Um dos melhores filme de guerreiro brucutu  e que sempre é lembrado e comparado, sempre quando surge um novo filme com outro brucutu sem camisa, dos "tempos imemoriais" (O divertido O Escorpião Rei é um bom exemplo).


Com o enorme sucesso que Conan, O Bárbaro fez pelo mundo, uma continuação era inevitável. Dois anos depois, o herói com pouca roupa e expressão facial zero volta em Conan, O Destruidor, trazendo Schwarzenegger de volta ao personagem, ainda mais bombadão e canastrão, desta vez dirigido por Richard Fleicher.

Na trama, Conan está obsecado pela sua amada Valéria, morta no primeiro filme. Sabendo desta obsessão (que Arnold torna tosca e patética, graças a sua canastrice), uma peversa rainha recruta o herói a escoltar uma jovem virgem estupidamente linda numa arriscada missão e, como recompensa, promete ao brucutu ressuscitar sua amada. Mas, na verdade, a rainha planeja mesmo é detornar com Conan e seus coleguinhas de aventura tão logo a princesa  ser sacrficada a um monstro bastante tosco.

Como 99% das continuações, Conan, O Destruidor é bastante inferior ao original. O roteiro é fraco, amenizando a saga do herói (Provavelmente, para receber classificação etária mas leve e evitar o rótulo de violento que o primeiro filme recebeu). A canastrice rola solta, com destaque para a cantora andrógina  Grace Jones (na época, Sra. Dolph Lundgren), como a exótica guerreira Zula. Jones torna a guerreira patética e altamente tosca, e ainda consegue a proeza de superar o Arnoldão na péssima atuação. As caretas que ela faziam, provocavam risadas na época, imagina nos dias de hoje. No duelo de canastrões que o filme promove, Jones é campeã absoluta e com larga vantagem.

Mas engana-se quem pensa que este filme é uma porcaria total. Muito pelo contrário, Conan, O Destruidor é uma empolgante e divertida aventura. Não é a toa que o filme era  presença constante nas saudosas Sessão das Tarde e Temperatura Máxima, nos meados dos anos 90.  É inegável que em comparação ao original é bastante inferior,  fraquinho e até  bobinho. Mesmo assim, consegue divertir e  chega  a superar muitos  filmes recentes.




 
Com o sucesso dos dois Conan,  outros dois personagens da Era Hibória, criada por Robert E. Howard, ganhariam as telonas. A primeira foi Sonja - A Guerreira (Red Sonja, no original), na aventura Guerreiros de Fogo, tendo a canastrona Brigitte Nielsen (na época, Sra. Stallone) no papel da guerreira e Arnold Schwarzenegger, como Kalidor, par romântico dela.

Um ano depois do último filme do simério, Richard Fleicher retorna à direção de mais uma versão para o cinema do mundo criado por Robert E. Howard. Desta vez, para contar as origens e primeira aventura de Sonja, que perde a família após a malvadona Gedren (Sandahl Bergman, a Valéria do primeiro Conan)invadir e dizimar sua cidade. Evidente, que Sonja parte para a forra e na sua jornada por vingança, encontra Kalidor (Schwarzenegger). Você deve está pensando: "eu já vi esta história, em versão masculina". De fato, você não está errado. Qualquer semelhança com a história de Conan, O Bárbaro não é apenas mera coincidência,  já que a intenção dos produtores, com certeza, era fazer uma franquia tão lucrativa quanto Conan, o que evidentemente, não aconteceu, já que Schwarzenegger, apesar de toda canastrice, tem empatia com o público. Já Nielsen...

O filme até que é divertido e em alguns momentos temos a sensação que chega superar ligeiramente o segundo filme de Conan (na verdade, um empate técnico, com uma ligeira vantagem da segunda aventura do cimério). O problema está justamente na escalação do elenco, principalmente, da protagonista. Brigitte Nielsen é muito fraca e não convence como a  heroína que, assim como o  Conan de Arnold, fisicamente está totalmente diferente da versão dos quadrinhos. Apesar de aparecer com seu nome estampado no cartaz, em letras enormes, Schwarzenegger é coadjuvante, com um o seu personagem fraco e mal construído que serve apenas de escada para Nielsen brilhar. Algo que, pela falta de talento da atriz, evidentemente não ocorreu.

Assim como Conan, O Destruidor, mesmo com todos esses pontos fracos, Guerreiros de Fogo não é um filme totalmente ruim. Diversão descompromissada garantida para toda família (chega a ser bem mais leve que aquele filme do brucutu). Vale também pela mórbida curiosidade de ver Arnold dando "uns beijinhos" em cena, na então esposa do seu rival de bilheteria na época e para ver o pequeno mestre, da série televisiva homônima da mesma época, lutando melhor que Sonja e Kalidor.



O segundo personagen do universo de Howard pós-Conan a ganhar uma versão nas telonas foi o rei Kull, em 1997. Curiosamente, o bárbaro que, assim como Conan, se tornou rei, ganhou um filme por acaso, já que o roteiro foi escrito para uma terceira aventura de Conan. Mas, com a recusa de Schwarzenegger, adaptaram para que o queridinho da época Kevin Sorbo (o Hércules da série televisiva homônima), fosse escalado, originando Kull, O Conquistador. Mesmo com quartorze anos do seu lançamento, e o DVD original baratíssimo, ainda não assistir este filme que, eventual e raralmente aparece na Sessão da Tarde. Mas, tão logo eu assista, postarei aqui os meus comentários.


 
Comentados os filmes originais do Conan e o da guerreira Sonja, agora é só aguardar para assistir o novo Conan, O Bárbaro, que pelo trailer, promete. Será que finalmente o personagem mítico de Robert E. Howard ganhará uma versão digna? Daqui a uma semana, responderemos esta pergunta.

Rick Pinheiro.
Cinéfilo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário